15 de novembro de 2012

A professora Marci F. Martins e a bolsista Rosenilda N. Padilha participam do VI Simpósio Linguagens e Identidades da/na Amazônia Sul-Ocidental

A UFAC sediou dos dias 5 a 9 de novembro o VI Simpósio Linguagens e Identidades da/na Amazônia Sul-Ocidental - com o tema "Literaturas e estudos culturais nas Amazônias.

A colaboradora institucional do OBEDF, Profª. Marci F. Martins esteve presente no evento com a comunicação “O “portunhol” falado na região fronteiriça de Guayaramerin/BO e Guajará-Mirim/BR”. Veja o resumo:

É comum nos referirmos às variedades lingüísticas faladas ao longo da fronteira brasileira com os países de expressão hispânica como “portunhol”, uma “mistura” entre o português e o espanhol. Esse contexto linguístico/cultural, contudo, que resulta, dentre outras coisas, em uma “língua de contato” não é homogêneo. De fato, a região fronteiriça de Guayaramerin, (Departamento do Beni, na Bolívia) e Guajará-Mirim (Estado de Rondônia, no Brasil), por exemplo, destaca-se por sua grande diversidade lingüística e cultural: além do português e do espanhol, são faladas muitas outras línguas indígenas. É nesse ambiente sociolinguístico que o Observatório da Educação na Fronteira (OBEDF) pretende traçar um panorama da relação entre língua e educação em escolas da região que ensinam português para alunos bolivianos que não tem o português como língua materna.

Essa apresentação, assim, tem como objetivo discutir por um lado, a própria designação do que se considera “portunhol” mostrando que essa língua de contato, nas diferentes fronteiras brasileiras, pode ter constituição diferenciada. Isso será feito através da comparação da região de Guayaramerin (BO)/Guajará-Mirim (BR) com outra área fronteiriça: a região de Rivera (Departamento de Rivera, no Uruguai) e Santana do Livramento (Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil). Por outro lado, interessa analisar também, a atitude lingüística do aluno boliviano, que estuda nas escolas brasileiras na região fronteiriça de Guayaramerin (BO) e de Guajará-Mirim (BR), frente à(s) língua(s) que fala.

Palavras-chave: Língua de contato. Fronteira. Educação.

Órgão Financiador: CAPES

A bolsista de mestrado Rosenilda Padilha também esteve presente e apresentou a comunicação “Entre o português e o jaminawa: o bilingüismo e o ensino da língua oficial”. Segue o resumo:
Este trabalho que faz parte do Projeto Observatório da Educação na Fronteira (OBEDF), apresenta os resultado preliminares envolvendo o estudo do processo de ensino e aprendizagem da língua portuguesa junto a alunos falantes da língua jaminawa na escola Municipal Messias Rodrigues de Sousa, na cidade de Sena Madureira, no Estado do Acre (AC).
Com o objetivo de analisar questões envolvendo o bilingüismo e o ensino da língua oficial, a pesquisa mostra as dificuldades enfrentadas tanto pelos professores que não estão preparados para receber os alunos indígenas e falantes de uma outra língua que não o português, quanto pelos alunos jaminawa que, por um lado não dominam o português e sofrem preconceito por isso e por outro, são impelidos por uma política lingüística e educacional monolingue a aceitarem esse mesmo português em detrimento de sua língua materna.

Essa problemática está sendo examinada através da análise de alguns contextos sociolingüísticos da escola, em que destacamos, nesse momento, a produção textual e oral dos alunos jaminawa e dos alunos não indígenas. A análise aponta para uma baixa produtividade dos alunos jaminawa se comparados aos não indígenas, assim como para possíveis regularidades nesse processo de aprendizagem do português, o que pode relacionar-se ao tipo de bilingüismo dos alunos jaminawa: ora refletem uma dificuldade de aprendizagem mais genérica no aprendizado do português, pois atingem alunos não indígenas, ora sugerem uma determinação especifica da gramática jaminawa sobre a do português.

Buscamos com esse trabalho, portanto, produzir uma reflexão juntamente com os professores, sobre o modo como a escola recebe alunos falantes de outras línguas maternas que não o português, especificamente, falantes de língua indígena, assim como afirmar a necessidade de um projeto de educação bilíngüe em escolas com as características da escola Messias Rodrigues de Souza, de Sena Madureira (AC).

Palavras-chave: Jaminawa. Bilingüismo. Ensino da língua oficial.

O evento aconteceu em conjunto com o V Colóquio Internacional as Amazônias, as Áfricas e as Áfricas na Pan-Amazônia, encerrando um ciclo de discussões extremamente fecundo para o fortalecimento das redes de contatos, estudos e pesquisas envolvendo três universidades brasileiras (PUC-SP, UFG, UFAC) e a Universidade do Texas (UT – EUA), iniciado com o Convênio Capes/UT (2007-2012) a partir do projeto “Identidades diaspóricas em trânsito no Atlântico sul: áreas de culturas negras entre África, Brasil, Caribe”.

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