O Observatório

           O Observatório da Educação na Fronteira – OBEDF é um projeto criado e implantado para promover pesquisas sobre o Ensino Fundamental em contextos plurilíngues e multiculturais como o da fronteira e a qualificação de seu corpo docente. É uma iniciativa que amplia o campo de observação sobre a fronteira e os processos educativos que lhes são peculiares. Tem o apoio da CAPES (Edital 038/2010/CAPES/INEP – Programa Observatório da Educação) e está sendo desenvolvido em rede pelas Instituições Públicas de Ensino Superior: Fundação Universidade Federal de Rondônia – Unir/Campus Guajará-Mirim e Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; e em parceria com as Escolas de Ensino Fundamental: Escola Municipal Maria Ligia Borges Garcia e Escola Polo Municipal Ramiro Noronha em Ponta Porã (MS), Escola Estadual Ensino Fundamental Durvalina Estilbem de Oliveira e Escola Municipal de Educação Infantil e de Ensino Fundamental Floriza Bouez em Guajará Mirim (RO), e Escola Municipal de Ensino Fundamental Bela Flor em Epitaciolândia (AC).

          O principal objetivo deste projeto é construir um panorama qualificado sobre a situação linguística em escolas da fronteira, observando seu reflexo sobre os processos de aprendizagem, notadamente, da língua portuguesa pelo aluno de séries iniciais. Para se alcançar esse objetivo, duas ações estão sendo articuladas entre si:

          Ação 1: o acompanhamento sistemático e contínuo de aulas nas séries iniciais do ensino fundamental (1ª e 2º anos) em cinco escolas a fim da se compreender como o ensino de língua portuguesa (e das matemáticas, em segundo plano) é desenvolvido nessas escolas e de que modo se dá a aquisição da leitura e da escrita pelos os alunos falantes de outras línguas maternas que não o Português, e a socialização dos resultados na rede de ensino local. A hipótese é que há interferências de ordem linguística e cultural que afetam o processo de ensino-aprendizagem desses alunos. Por extensão, como a matemática é também linguagem, essas interferências podem também determinar a aquisição deste conhecimento pelos alunos. Observar-se-á como elas acontecem e sistematizar-se-ão seus principais modos de ocorrência. A partir dessa sistematização, dar-se-ão conjuntamente encaminhamentos metodológicos que contemplem uma abordagem pedagógica intercultural e plurilíngue do processo de ensino-aprendizagem nas escolas em estudo. Dessa perspectiva, várias faces do processo de aquisição da escrita e leitura, incluindo habilidades em produção de diferentes gêneros textuais, assumem papel central. A socialização dos trabalhos na rede de ensino local, por meio de seminários promovidos pelas Universidades, Secretarias de Educação e Escolas, permitirá que as escolas participantes interajam com as demais compartilhando suas experiências, ganhos e desafios.

          Ação 2: a aplicação de um diagnóstico sociolinguístico nas escolas envolvidas utilizando metodologia específica das áreas de sociolinguística e de política linguística para a investigação do perfil dos alunos. Pretende-se, com o diagnóstico, estabelecer um quadro sobre as línguas faladas pela clientela escolar, observando os modos de uso e lugares de circulação das diferentes línguas. Considerar que a língua materna na alfabetização se apresenta como uma alternativa para a educação escolar de falantes de línguas minoritárias porque pode contribuir para resolver  inúmeros problemas de compreensão do aluno sobre o que se passa em sala de aula é a hipótese que orienta esta ação. Além disso, esse diagnóstico permitirá articular o trabalho em sala de aula com políticas linguísticas mais amplas para a fronteira, e os dados gerados serão confrontados com as bases de informação sobre a educação brasileira, nomeadamente as do INEP.

          Essas duas ações têm em comum, como parte muito importante do projeto, o investimento na formação contínua do professor. Os professores tomam parte do trabalho como interlocutores que apontarão soluções, participando de todos os passos da pesquisa. Em cada escola, teremos a participação de professores pesquisadores, selecionados conforme as exigências dos trabalhos.

          Coordenação Geral