18 de abril de 2013

Defesa da dissertação da bolsista de mestrado Rosenilda Padilha


No 08 dia de abril de 2013, aconteceu no campus da UNIR, de Guajará-Mirim, a defesa da dissertação “Entre o Português e o Jaminawa: o bilinguismo e o ensino da língua oficial”, da mestranda Rosenilda Padilha. O trabalho que faz parte das pesquisas desenvolvidas pelo Projeto OBEDF, foi apresentado a banca composta pelos professores Marci Fileti Martins (orientadora) Geralda de Lima Angenot (avaliador), George Queiroga Estrela (avaliador) e a uma platéia composta por alunos, professores e indígenas Jaminawa e Apurinã.  


A pesquisa foi desenvolvida na Escola Municipal, Messias Rodrigues de Sousa, na cidade de Sena Madureira, Estado do Acre, com os alunos do 2º ano aceleração e do 5º ano, objetivando analisar questões envolvendo o processo de ensino e aprendizagem da língua portuguesa de alunos indígenas Jaminawa e não indígenas priorizando, nesse processo, o estudo das produções orais e escritas desses alunos. O trabalho tratou das dificuldades enfrentadas pelos professores que não estão preparados para receber os alunos Jaminawa vindos de diversas aldeias da região e das dificuldades dos alunos Jaminawa que já vem pré-alfabetizados na língua materna de suas aldeias.

Como conclusão, confirmou-se a hipótese de que há uma maior dificuldade dos alunos falantes de outra língua materna que não português para se alfabetizarem na língua oficial em nossas escolas. A partir da análise dos textos Jaminawa (escritos e orais) explicitou-se, em parte, essas dificuldades e também constatou-se que os alunos Jaminawa vem adquirindo, sobretudo, o português padrão escrito, de forma muito mais lenta que os não indígenas. O professor não tem uma metodologia e/ou conhecimento para lidar com os problemas que se apresentam. 

De qualquer modo, mesmo diante de uma escola que ainda não está preparada para o bilinguismo e a interculturalidade, os alunos Jaminawa marcam sua identidade especialmente através de suas ilustrações do mapinguari nos textos escritos, assim como nas suas produções orais que, ricas em detalhes, materializam tanto seu conhecimento sobre o tema e sua relação singular com a natureza, quanto à força de sua tradição oral. 

O bilinguismo dos Jaminawa, portanto, é fator decisivo para o entendimento dos processos de ensino e aprendizagem dos alunos indígenas, na escola Ensino Fundamental Messias Rodrigues de Souza, ou seja, para ensinar o português o professor precisa conhecer, minimamente, a outra língua, a primeira língua que, invariavelmente, influencia a segunda língua. Daí a necessidade de se produzir materiais sobre e em língua Jaminawa, pois não existe ainda nenhuma gramática da língua e os materiais produzidos em língua Jaminawa são poucos manuais ortográficos bastante simplificados e preliminares. Evidentemente, esse é um trabalho que será feito a médio e longo prazo e envolve um esforço conjunto de pesquisadores de diferentes áreas, notadamente, da área da linguística e educação, assim como dos próprios falantes Jaminawa.

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